Rastros vazios ficam com o tempo, sua tez murcha nas lembranças vivas, a morte se encarrega de levar o luto, depois ao passar tudo corre naturalmente, como se nunca houvera um dia que fosse vida. É estranho pensar, mas os passos podem se eternizar, triste para aqueles que se deixaram na beira e caíram por não se levantarem. História luminescente floresce nos cantos esquecidos, quem se importa em ser lembrado quando se tem eternidade como amigo? Os contos se perdem, se reformam, se esquecem, tornam fábulas e morrem, a moral se desfaz em gotículas mundanas, o que já fora herói tornou-se pequenas mudanças, e um dia nem mesmo isso será, é só deixar nas mãos da escuridão que ela se encarrega de encobrir rastros frios.
Só há uma forma de ser, e para isto é preciso nascer, não como carne, mas como celeste, entrelaçar-se com o firmamento, tornar-se luz, pois sendo-a não há escuridão que apague, emaranhando-se com o sol, amanhecendo nos campos livres, nem mesmo a foice pode tocar seus laços, pois agora é arco-íris e quem quebra a luz depois que ela se divide? Arte torna-se quente, sai da tela e toca o coração, corre nos veios do peito, transforma-se em um belo enredo, não existe mundo encantado, mas existe o encanto de viver, ela se alastra no solo fértil, e mostra-se para quem quiser ver, o mundo pode mudar o quanto quiser, que sua essência será eterna, incessante igarapé, fonte que sustenta o céu e a fé, e a morte não se encarrega mais do esquecimento, mas agora é a chave que abre a porta para um novo florescimento.
Por Luiza Campos