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Além da clemência

Vi-me caída, ao chão, sem chão, fui eu mesma que me derrubei, há permanência das minhas feridas, o óleo da vida tem tentado amenizar minha dor, a dor que busquei, a dor que me causei. Meu silêncio gritou por clemência, agoniado em angústia enquanto morro, aos poucos. Meus tropeços marcaram meus pés, cortes que não se fecharam, ainda, se inflamam difícil cicatrizar. Pontos que não podem ser subestimados, mas que devem ser apagados da memória. Na metamorfose se encontra a saída, novo ponto de partida, a cura de qualquer ferida, as dores que são esquecidas, os traumas que se derretem, a visão que inverte, entre o espírito e a alma o flerte, e a liberdade que transcende, o amor que se acende, o renovo esverdeado me mostra a esperança. Minha cura parece estar longe, mas não está, talvez eu esteja longe dela por não saber me curar.

Queria não sentir frio, para não me sentir fria. Minha inquietude me tira a maturidade, mudo o humor que nem tenho, me fecho quando deveria me abrir. O som da fermentação na minha alma é ensurdecedor, o ardor borbulha, incessantemente, a dor que chora num sorriso falso onde o meu espelhar se torna triste. Será que meu prognóstico é irreversível? Ainda sinto a presença da esperança e vejo que minha saída está além da clemência, porque não se trata apenas da ajuda de Deus, sou eu que preciso sair deste lugar, deste estado, buscar por minha libertação, arrebentar os grilhões que me calçam, arrancar de mim toda dor e plantar-me o amor.

Por Patrícia Campos

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