É estranho imaginar que eu mesma pude ter me apunhalado pela ignorância, por não ver toda a sabedoria que me envolve e ter dado tanta importância para este pó ínfimo que só tem me deixado um nó e uma faca entalada na garganta. Há tanto tempo a sabedoria tem me mostrado tantas coisas em tantos detalhes e eu aqui afundada em tolice como cego no escuro. Eu sei que a luz está em mim, eu sei que a luz é o espírito que me dá a vida e somente por ele consigo enxergar coisas inimagináveis porque ele é a lâmpada para os meus pés, é o sapato de texugo que me calça, a candeia que me ilumina com seus raios celestes. Me nego a ser apunhalada por mim, me entrego, me rendo a sabedoria, porque não há como vence-la, quanto mais à verdade que se mostra, e que me mostra o quão tola sou ao querer me enganar por ilusões, sendo que, eu descobri a verdade, descobri a saída, descobri que sou a porta que se abre para a eternidade com vida, e que só depende de mim me abrir e adentrar o céu.
A ignorância é uma visita indesejada, que não se toca, e que precisa ser tocada, tocada para fora, enquanto isto eu tento tocar o espírito, para que ele me sinta, para que ele adentre meus átrios, para que ele permaneça, porque ele não é uma visita, mas meu ser, meu corpo eterno e onde a ignorância palpita o espírito não dá o seu ar da graça porque de graça ele se põe em nosso meio, mesmo sendo alguém tão ilustre, na simplicidade é onde ele está, já aí ignorância é soberba, orgulhosa e se põe onde não é chamada, porque se trata da arrogante ignorância a qual vem vestida de ilusionismo, suas vestes tem por estilista o engano, e onde põe suas mãos consegue ludibriar as almas inconstantes que não se firmaram na rocha perpétua. Temos que desarmá-la, derrubar seu império pela luz da verdade, porque diante a verdade não existe a possibilidade da existência da ignorância, somente pela verdade destruímos qualquer vestígio de engano.
Por Patrícia Campos