Orquestra coração, arritmia ao suspirar, passos lentos desafinam, aonde quero chegar? Conto por pouco ocioso, chegando ao abismo para pular, são momentos profundos para perguntas rasas, ruídos vazios em mente fraca, como faria para calar-me? Como um tinido, imperceptível, mas aqui, tão presente quanto os gritos externos e as lamentações. Cala-me Senhor, e entoe seus sons mais doces, cala-me, revira-me, em seus braços sou viva e sua melodia me abraça. Calar as loucuras, pensamentos fugitivos, banhar-me em águas sãs, em chuva serôdia que mesmo inesperada acalenta meu coração. Calar o silêncio, que insiste em atormentar-me, calar suas ondas que não iluminam meu dia, calar a noite, que por tanto, quase me enlouqueceu, calar o que não seja ti, o que não seja a vida, deixarei que os passarinhos cantem, que a maré solfeje, o vento uive, chuva metrônomo, e que os abraços não deixem de ter o soar do coração.
Quero que a paz seja a vida, mas muito bem escrita, quero que sua voz paire em minha casa, só assim a verei como lar, quero o doce silêncio dos sons, o mais profundo entoar em meu interior, sou uma caverna que ressoa sua magnificência, sou corpo oco e suas harmonias me preenchem, como o assobiar dos pássaros em dia quieto e o riso da criança no momento mais terno. Quero muito de seus cantos, mas nada do pranto afora, quero ser algo belo em suas mãos, instrumento afinado, arte em tela, uma joia lapidada, mas para isso preciso calar-me, preciso entender-me, preciso purificar-me, e para isso e por causa disto estou aqui, para aprender a calar-me e a ouvir sua voz, que até mesmo na tempestade carrega o peso de seus mandamentos, e que apenas em silêncio, quieta e só, conseguirei entender os ditos dos ventos.
Por Luiza Campos