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Campo livre

A visão em expansão me fez deparar-me com um campo onde a liberdade voava num céu azul infinito, onde as nuvens eram doces como o algodão e não se via o fim do horizonte. Fui transportada para dentro de mim, nem sabia que este lugar existia, mal me cabia e o bem parecia utopia. Os fleches solares me aqueciam, me iluminavam, e eu queria o apagar porque havia tristeza escondida neste lugar. Então clamei para que a chuva viesse me visitar, porque suas gotas refrescam e trazem paz, mas antes que ela viesse, supliquei aos ventos para que se deslocassem e arrastasse tantas folhas secas que aqui estavam, aglomerando uma poluição visual, porque eram meus olhos que podiam ver. E dançando vieram, pegaram seus pares e saíram numa dança coletiva a fim de deixar livre o palco para a vida, a qual daria o ar da sua graça assim que a chuva se apresentasse.

E então ela desceu à mim, em silhueta de tempestade, e suas águas doces misturavam-se com o imenso mar que à minha esquerda refletia. E nestas águas salgadas era refletido o céu e o sol e sua luz era tão intensa que sentia estas águas evaporando enquanto o amor mergulhava. Os campos são livres se assim quiserem, porém, o ego cuidou de cerca-lo, limitou seus horizontes e engaiolou a liberdade. Não se pode deixar encarcerar seu próprio campo, porque as sementes das flores infindas estão à sua mão direita, e seus pés possuem luz quando se calça a sabedoria. É preciso deixar seu campo livre para que a vida venha lhe visitar e sentir-se licenciada suficientemente para desejar habitar em ti, porque a vida é ampla e eterna e precisa de toda vastidão que há em ti para que possa permanecer incansavelmente.

Por Patrícia Campos