Sei que fui lagarta que rastejava pelo chão, não tinha forças para voar, não via por certo a solução, o desejo era da liberdade, mas ela não se fazia presente, não sabia como transformar meu coração por não saber como sair desse chão. O casulo me prendia, mas eu não me rendia, era um processo no dia a dia doloroso que me afligia, revirava o meu interno como sopa a borbulhar, queria sair desta casca que estava a me sufocar. Não era somente desejar voar, mas tinha que asas criar, era a minha libertação, não podia haver hesitação, mas precisei me fortificar para no tempo certo ser livre para voar, é um transformar, um metamorfosear, morrer para o velho ser para que o novo venha ao seu tempo florescer.
Em silêncio estou sentindo as dores, o medo não vai me parar, já sinto o despontar do desprendimento e minha liberdade está prestes a chegar, o que posso fazer para amenizar a dor? Não há remédio para curar, eu desejei passar pelo processo por isso devo suportar. Não serei prisioneiro de mim mesmo e nem serei meu próprio vilão, antes me asseguro do que vejo, porque confio naquele que me prometeu a salvação, logo voarei para muito longe, sem temer ou me preocupar, o arranha-céu será um pico que voarei para todo plano contemplar. Mesmo no meio do casulo sou borboleta a me transformar, a seu tempo criarei minhas próprias asas e poderei de tudo me libertar.
Por Ítalo Reis