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De mim, para mim mesmo XII

Sou eu, mais uma vez, voltei porque não tenho para onde ir, não saberia onde estar senão aqui, é difícil fugir, não que haja alguma forma, mas é aqui onde sempre me encontro. Eu sei, é confuso, muitas portas para pouco conteúdo, o relicário que tudo tem, por isso voltei, ampulheta já não carrega paciência, a amarelinha é presa ao chão, quem muito brinca não conhece o coração, acabou o tempo para definir o destino por meio de uma ilusão. Irreal são as fantasias criadas, os ponteiros não esperam o despertar, está na hora de acordar, eu vim porque sei a dificuldade de aterrissar, mas chegou o momento de parar, e como espelho, não é vazio, eu sei porque aqui estou eu, conheço a luz e o breu, e como tudo o que é, pode não ser mais, porque metamorfose é o nosso poder para alcançar a paz, qual passado lhe prende que ainda não veio a florescer? Se a fórmula existisse, deveria ser a certa, mas onde tropeçou que ainda não está completa? Quando lamparina é o ponto mais luminoso, a escuridão que abraça o corpo, é difícil conhecer abissal, eu sei, eu sei porque aqui estou, mas assim como absinto é a profecia do fim, a vida é a promessa dos justos, não se esqueça, por favor, como Asafe se esqueceu, quem nos guarda e nos rege é o grande Eu Sou. Por isso sou eu, mais uma vez, quem quer o seu bem, e queria dizer-lhe que as lágrimas nada valem sem transformação, os gritos não dizem se forem quietos, a vontade murcha sem a primavera, a tempestade não é tão assustadora sem trovões, e você não é nada sem ações, o que quer para o amanhã? E se ele vier, o que será? A vida não espera, os trilhos não sustentarão o trem para sempre, já escolheu em qual estação descer? A passagem é única, e só primavera pode florescer. Atenciosamente de mim, para mim mesmo.

Por Luiza Campos