As janelas da alma ao se abrirem espelham o que há do lado de fora, elas alcançam até a linha do horizonte e depois dali, nada mais, deveriam se fechar em forma de reverência para que em solitude pudessem ver além do horizonte interno. Espelhar-se é elevar-se porque somente o sábio consegue tal feito, porque lisonjear a si próprio não é se reconhecer, mas sim contender com a verdade, não que você não possa ter qualidades, mas estas, devem ser aplaudidas pelo público em forma de reconhecimento e não por si mesmo. Só se é verdadeiro quando a percepção dos seus defeitos são reconhecidos por você mesmo, deixando seu peito contrito, alegrando o coração de Deus. Não que seja comemorado seus erros, mas ao menos reconhecido, porque onde há reconhecimento a esperança de arrependimento se acende como lâmpadas aos pés. Sou espelho, espelho meu, e não dos outros, porque é aqui dentro que se manifestam todas as coisas, tanto as visíveis quanto as invisíveis.
Não posso ser Narciso, não devo, porque o espelho que sou deve manifestar o Eu Sou, senão não sou, não serei. Um espelho intransferível, as paredes do meu abrigo, que buscam a luz, o sentido para manifestar o irreconhecível aos olhos perdidos. O mar reflete o céu assim como espelho, e a poesia me mostra ser mar, onde as águas me fazem refletir sobre mim, sobre tudo o que reflete em mim, sigo sendo espelho, espelho meu, e me perguntando, tem alguém que reflete a mim mais do que eu?
Por Patrícia Campos