Piscou
Quase não acreditou
Seu véu rasgou
Sua cortina à ignorância fechou
O olhar desnudou
Viu-se nua
Em troca o coração iluminou
Não era a luz da lua
Era o seu dia raiando
No teu interno infinito
As respostas confirmando-se
E tudo fazendo sentido
Não apenas no literal
Mas sentido no seu eu mais profundo
Uma visão colossal
Que atravessa ao outro lado do muro
A garantia do que se vê
Não possui base
O pó irá esvanecer
E onde estará a outra fase?
Sem face
Nem enlace
Quiçá houvesse disfarce
Um pouco de maquiagem
E o cair da noite
Será um luau das carpideiras
Se não atravessar a ponte
O lado de cá é ribanceira
Que desce ao precipício
Sem apoio, sem domínio
Há de encontrar com o juízo
E soltar-se do nó do martírio
Ver o invisível
É preciso
Só à quem é sensível
Vê o que é invisível
Torna-se solto, seguro
Douto e puro
Derruba o próprio muro
E alto segue seu curso
Por Patricia C.