E tentou fugir de quem era, mas a corda não ia muito longe, quanto mais pensava que voava, mais forte era a queda, como um passarinho na gaiola, sem esperança alguma de se libertar, apenas com um instinto de liberdade, mas sua realidade é em eterna solidão. Por isso prefere refletir-se com a falta da verdade, pois sua dor é tamanha que dói seu peito com a desesperança, se apoia nos laços da mentira, para que assim ao menos sorria. O tom futuro não se alinha com sua canção, e o que imagina dos passos seguintes caem nas asas da desilusão, suas cartas já foram todas descartadas, não há planos ou uma saída em vista para se agarrar. O axioma não se esconde nas sombras, quem se esconde são as faces sofridas com medo de suas verdades, dançam a valsa dos sonhos, e se encontram em seus pesadelos, não há um sorriso bordado que floresça paz, mas sempre a dor que se aflora nos ombros fadados a desabar.
O ser humano é tão infeliz por fugir da verdade, não há como nascer alacridade em um peito que não se conhece, refletem a morte por se fazerem matéria, e por ela vivem plantando suas misérias, quem se perdeu não foi a verdade, foram os olhos perdidos em suas vaidades. Tempestuoso céu amargurado, chove suas mágoas nos solos inférteis, nada brota da vida em seus ventres, não colore, não floresce, não vinga, um colo frio, um tempo fúnebre, onde estariam os resquícios da verdade? Preferem cair do penhasco do que viver no chão, seus pés flutuam no raso e seus olhos se perdem da razão, não há liberdade em asas inventadas, e não existe paz forçada, é triste de ver, mas pior ainda deve ser viver, uma alegria tamanha jorrando em suas almas, mas preferem os cantos assombrosos de suas casas, não saberia dizer como sair disto, pois duro deve ser se encontrar, mas é melhor ir aos poucos se curando, do que se deparar com uma eternidade para se buscar.
Por Luiza Campos