Eu caí, no abissal de meu coração, senti as águas, abraçaram minha imensidão, imersa no vasto eu, quem sou e quem deixei de ser, e o caminho que ainda devo percorrer. O silêncio às vezes soa muito alto, como uma lembrança viva querendo fluir, a mentira murcha cedo na mente que quer florir. Espelho quebrado reflete aos pedaços, qual conto contam os cacos? Preciso unifica-los para entender o todo, como frases soltas, podem parecer belas, mas o corpo do poema pode ser triste, e para entender-me preciso de cada ponto de mim. Calar o barulho para compreender a quietude, mergulhar nos veios da magnitude, inteirar-me e ter completude, cultivar honra, paz e virtude, para isto preciso curar-me, derrubar casa de vidro e construir-me rocha, só encontra dificuldade quando abre mão da determinação, a dor se achega quando insiste em ficar no chão, como voar com as asas presas? Mergulhar em meu oceano, introspecção, quando o sorriso alcança o pranto e as verdades transparecem no coração, cansar de meias escolhas, mais ou menos só subtrai, equilíbrio só serve para o desconhecido, é melhor lançar-se do monte para que o céu lhe conceda um abrigo.
Neste vai e vem prefiro ir, uma dança eterna das ondas, o mar abraça o rio que não vai mais fluir, um dia acabará esperança, até quando irei com a correnteza? Firmar os pés, traçar diretriz, a brincadeira despencou na cachoeira, ampulheta lembra que um dia terá fim, e despenhadeiro não terá mais beira.
Por Luiza Campos