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Lavei minhas mãos IX

Não vou me eximir do desacerto causado a mim, dentro do tempo que me foi concedido, onde usei minha distração para caminhar por caminhos tristes, sim fui eu quem sujei minhas mãos, porque a escolha sempre foi e é minha. Arrumar justificativa para passos maus dados não faz com que no final encontre-me com a paz se não estiver no caminho que leva-me ao cais. É cada um com o seu cada um, não por egoísmo, mas por se tratar de algo interno e individual. A mão é quem carrega a opção favorável a si, mas quem anda do seu próprio lado? Porque por muitas vezes escolhemos o que achamos ser bom não sabendo que o que é bom não nos favorece no efêmero, mas na eternidade. Sujei minhas mãos de sangue, um holocausto impuro, o qual ainda ouço o gotejar do carmesim misturado com as águas do mar da dor. Isto não é eterno, a menos que eu queira, porque os pés podem se quiserem mudar seu rumo, trocar de lado, se colocarem ao meu lado, para o meu bem, até o além, além do que estes meros olhos possam ver.

O tempo me mostrou ser meu amigo, ele ainda está aqui, comigo, é preciso ter determinação para andar dentro do que foi determinado, porque não vim parar aqui por mim mesma, mas por quem quer que eu seja, que é o mesmo que é de geração em geração. Os verbos praticar, viver, ser, eternizar, que devo conjugar na caminhada, porque morrer é deixar de ter, perder não é esquecer, mas sofrer. Decidi então lavar as minhas mãos deste sangue impuro, porque o gólgota está no centro do meu coração e a mortificação do que é fugaz deve acontecer. O céu tem me avisado todos os dias o que há de ser feito, e os trovões trovejam em alto e bom tom: lavei minhas mãos! A mais um foi anunciado a verdade! Agora só depende de mim .

Por Patrícia Campos