Cenas que se repetem, me auto repele, muitas que sinto na pele a dor que demora cessar, porque é preciso me acessar, adentrar meu palco, lugar onde os pensamentos contracenam por vezes em histórias tristes. Um cenário com calvário, onde o sangue que escorre há de ser o meu, o seu, e o gotejar da escarlata deve ter som de alegria, um prazer demasiadamente estranho a quem não acolhe o amor. Todo mundo ama esta palavra, mas quem de fato sabe sua hermenêutica? Ou melhor, quem a sente de verdade? Porque no cenário da vida as cenas passam despercebidas, sem empatia, sem sina, e o que será que ensina senão esta fala provida de vida? Como uma coruja, precisamos absorver um panorama telescópico do próprio coração, pontilhar cada detalhe para ver o que se desenha, o que se desvenda, e o que se desdenha. Mesmo que a perspectiva seja boa, não se pode ensoberbecer e nem se acomodar, porque a vista nem sempre é a mesma vista do lado de fora, o público é crítico assim como a lei. O mais interessante de tudo isto é que o filme se passa lá dentro, não pode ser uma ficção, é uma realidade de sentimentos que precisam ser discernidos num contexto de protagonização onde a determinante é a consciência. A direção é quem cuida de tudo, cada palavra cada cinema mudo, que os holofotes celestes predominem neste filme da vida real, porque a luz que desce do céu é a rosa do vento da alma.
Por Patrícia Campos