Por mais que não pareça a noite já se estendeu por longos dias, mas é preciso conhecer a escuridão para entender a luz. Ando por essas ruas, pequenas e rasas, mas ao longe vejo o oceano tilintando meu nome, para que o adentre, para que o entenda, para que levante o amanhecer e traga a estrela da manhã, transformando azul marinho em claritude. Nas sombras vemos partes tristes de nossos olhos, aquelas que ninguém enxerga, mas habita, nem mesmo queremos conhecê-las, porém, necessário faz-se entender, portanto a noite se estende para trazer glória ao amanhecer, se estende até que a guerra se finde, e a paz possa nascer com o raiar do dia. Sigo os rastros da vida, forasteiro e sendo casa, até que o desejo dos céus repouse em minha alma, e eu descanse em suas asas. Quem somos e quem devemos ser, o céu responde ao coração que quer renascer, somos lar, somos espelho, somos trono, e meus atos abrigam quem escolher.
A noite não vai ficar por muito tempo, o lampejo da manhã já está degradando a escuridão, aos poucos tudo se torna colorido, como um papel em branco que vai se encontrando pelo caminho. É loucura, muitos dizem por aí, é loucura deixar os laços findáveis, loucura se libertar, é loucura ser feliz, comum é prantear de fome, viver à deriva e se importar com o que um dia vai acabar, contramão do mundo, no rumo certo para a vida, um dito cravado em meu coração. Deixe que as penumbras se estendam, a luz virá em seguida, pois o momento mais escuro da noite é quando se aproxima do dia, e como voar se não pular do precipício? Agarre-se ao céu, que suas nuvens o abraçará, laços eternos oferecidos em seu imo, se concretizando em arco-íris vivo.
Por Luiza Campos