Uma alma já perdida cantou certa vez seus raios de luzes, que atravessavam sua escuridão e traziam em faísca sua presença, mesmo que por milésimos de segundos seu universo se apaziguava, mas na mesma velocidade se esvaia com o soprar do vento. Eu não saberia dizer ao certo o porquê de uma alma tão majestosa e bela se esconder na escuridão, mas sei que hoje o lar comum da multidão são nos vales da penumbra, e logo veio-me a triste realidade, são os rastros dos pecados, seu fardo é gaiola para o pássaro e corrente para os livres, pesar incompreendido, buscam forças, mas acabam sempre no mesmo precipício, e se pulasse? Seus pecados não deixariam. E se mergulha-se? Suas ondas lhe afogariam. E se vivessem? Não, não, e se…
E assim o imaginário toma conta, sendo que o tão sonhado “se” está bem em suas mãos. Que a faísca se torne sol, e o raio se eternize em arco-íris, que o lumiar da noite se expande, e seu raiar alimente sua semente, que os clamores se tornem vivos e andem com a sabedoria, que tudo se torne casto, como as águas do riacho, e toda dor sentida brote agora em outras cores, e tudo que pranteia pelos cantos assombrosos se cure, mas os “quês” tão ditos, se tornam “ses” pelos dias. Para quem carrega este fardo, saiba que não é necessário, seus ombros desfalecidos, sua tez sem esperança, um conto morto vivo, um soar que cansa, não sabemos até quando, mas um dia tudo passará, e seus rastros tão calados nada irão contar, pois como tendo vida em seus corações preferem a tristeza de suas despedidas? Ninguém soube responder, as nuvens caíram em gotas vazias, a terra com o tempo não tinha mais como suportar, o peso do pecado encontrou sua sina, e sua alma resolveu se afogar, como um veneno que não precisava usar, tomou as doses frias do tempo, e no fim nele veio a congelar.
Por Luiza Campos