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O rugido do leão

A chuva caía no campo banhando o bem que ali nasceu, as vozes do céu ouvia e acrescentava no crescimento das novas mudas que apontavam nas folhagens virgens do broto. Centrada estava ouvindo o gotejar das águas a caírem na terra molhando as raízes mais profundas que meus olhos enxergam, com ela traz o mercúrio e o óleo, pois a água ao tocar o solo aberto fere, mas o óleo alivia a dor e amacia o relicário, com ela também traz o sabão para esfregar o encardido peito e o fogo para queimar e aniquilar os males, fazendo evaporar até as cinzas para que do mal não houvesse nenhum vestígio. A chuva cai forte aqui e nos outros lados dos campos e ao som suave e tranquilo das águas se ouve um barulho, um rugido de um leão, é um rugido de Rei no seu território, o som da sua boca parece de um grande trovão, tudo estremece, é um sinal de alerta do nosso Rei, alerta para as nossas consciências não tosquenejarem no que aparentemente não parece haver maldade, para lavarmos os pés na presença da face do Senhor, pois assim diz o Senhor: purificai-vos das vossas más intenções antes de caminhares até o meu santuário, lavai de manhã, tarde e noite o templo que hei de habitar, honrarei quem a mim honrar, exaltarei quem a mim exaltar e amarei quem a mim amar em primeiro lugar, o meu rugido não é para amedrontar, mas é para os meus escolhidos fazerem jus aos meus ensinamentos, para que não joguem ao relento as pérolas que as dou, as joias que as presenteio todos os dias, que não cuspam na comida santa que preparo com amor, não durmam sobre a minha mesa e ao pôr os pés no templo tire suas sandálias sujas de areia para que não possam sujar o que já limpou e assim no meio do som das águas o leão se cala, mas a chuva continua a cair firme, forte e com trovões e o soar nos ouvidos do rugido do Rei leão…

Por Maria Lúcia