Os passos queimaram, o tempo esvaneceu, o que já fostes dissipou, e o que esperava tornou-se breu, não amanheceu, e a noite caiu, sem raios, sem luz, sem brilho, caiu a lua no solo, e as cinzas engoliram os cosmos. As chamas cobriram a vida, a cor desbotou com o fogo, ampulheta vazia como um frasco qualquer, o mundo ficou com uma carne fria, e você ficou com a mente vazia, pois transformou o solo em cinzas, e o verde do campo murchou como o desbotar da tinta. Enraizou como erva daninha, e se alastrou em areia, viveu em campo infértil, e morreu por não dar a luz, um ventre sem filho fenece sozinho, passos perdidos nunca encontrarão caminho, brotou como rosa, mas esqueceu que têm espinhos, viveu como se não houvesse amanhã, e o vento levou, como leva o moinho.
O solo e as cinzas, uma história que já viveu, uma moral que se perdeu nas lembranças, um tempo que não volta, quem desperdiça o palpitar em ensejos vazios, abraça o mundo, mas corre como rio, andando em corda bamba, base desconfiança. O trem seguiu e não parou, esqueceu que a estação passou, abraçou o inverno e ficou, congelou com os ponteiros que pararam, virou raiz sem corpo, e deixou que os laços fossem desejos mortos. Espelho quebrado não une os cacos, pedaços perdidos em um infindo espaço, juntou o nada e comprou uma eternidade que não será, apenas mais um estado que se lamentará. Ao viver contamos histórias, qual história quer contar?
Por Luiza Campos