Linguagem celestial que ecoa pelo entendimento, através da fauna e da flora, pelos sons e pelo vento. A verdade desce como chuva calma e serena, mas também vem com força acompanhada de trovões, que rugem e cintilam em meu coração. Ao mesmo tempo que traz afago, bagunça e revira cada canto, mas é nos destroços perdidos que se encontram traços mal contornados, e a água viva escorre e adentra em palavras verdadeiras, seguindo os veios do coração, nutrindo e limpando, endireitando os passos e revivendo a videira. Deixei pingar, escorrer pelos vales ocultos, o desconhecido precisa transparecer para iluminar o que é obscuro. Seu canto é como cachoeira, que invade a escuridão, quando vejo já é dia, que colore minha imensidão. Encontro das águas com o clarão da sabedoria, reluzindo o arco-íris e pintando minha tela com a vida. Revigorando a cada dia a paciência na espera do porvir, lapidando-me até que me torne em pedra eleita e preciosa feito diamante.
Não saberia descrever a paz de seu soar, mas sei que este riacho transborda em todo peito que o procurar, talvez não procurem pelo medo, medo de ter que mudar, mas esse é o caminho da vida e é necessário metamorfosear. O medo é uma terrível barreira, que não nos deixa mergulhar, é preciso crer na fonte infinda da vida e nela por inteiro nos banhar, só assim estará pura, como as águas castas do rio, desaguando cristalina, e dançando em meio a chuva. Eu entendi sua voz, e contornei-a em meu coração para eternizar sua luz em mim e realçar com o brilho da vida toda minha vastidão. Como perfeita obra de arte, aquarela, água pura e pincel, uma tela viva em cores primavera, quente e refrescante como chuva de verão. Sinto-me assim, inteira, dos pés a cabeça, luz infinda me preenche, sentido e razão de minha consciência.
Somando nossas luzes
Por Luiza e Michele