Pingaram gotas de luz, escorreram pela escuridão, chuva florescente, floresceu cor onde sempre habitou o nada. Sensação de abraço, envolveu toda terra, céu acolheu azul e o solo as pétalas. Como balança, o justo juiz lumiou a noite, a luminescência vai ganhando as trevas em tons de rosa e laranja, e o que por muito manteve-se quieto, começara a viver, o desabrochar dos campos, o correr dos ventos, o piar dos pássaros, tudo encontra seu lugar, pois é assim que deve ser, deixe a história contar seu caminho, e viva para que o dia seja eterno, pois os laços vazios se quebram demasiadamente fácil, e quando estiver a um fio de cair nada vai lhe segurar, o valsar soturno se apaga, momentos antigos perdem seus rastros, e o amanhecer nunca chegou a nascer. É necessário prender-se, mas em raízes eternas, a noite vai abrindo caminho, e o passado vai se apagando, sua luz é linda, mas não fica, chegou o momento de dizer adeus, e deixar o breu com o que é seu, pois o que é teu é o amanhecer.
Espelho necessita do entorno para preencher-se, nada corrói vidro, despedaça a eternidade em cacos vazios, oceano é profundo para quem o busca, mas pode ser raso na beira para quem se acostuma. Amanheça e venha ver a beleza, explosão que vem sem pressa, vagarosamente pelo infinito, difundindo-se pela vastidão, trazendo vida a tela branca, o teu amanhecer pulsa em raio forte, clama por teu nome em orquestra bem regida, se estende por todo seu coração, busca uma fresta para que consiga entender, nem toda faísca é luz viva, deixe o passado morrer com a beleza do dia.
Por Luiza Campos