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Oceano furioso

Há forma de águas salgadas que escorrem do coração serem calmas? Nesta confusão taciturna a tempestade abraça, e as falas insanas se agitam em ondas furiosas, as mãos que pedem por socorro são esmagadas, e quem já não encontrava determinação se afunda na escuridão. As águas se fizeram correntes, e ao proferi-las ficam cada vez mais fortes, assim como entoar uma maldição, não há forma de encontrar a verdade neste oceano mentiroso. A busca de um olhar sereno se perde na sobrevivência, pulmões afogados, não há fôlego, não há respiro, preocupa-se com a vida, mas não com quem a tem para si, preocupa-se demasiado, mas transborda de laços errados. Nesta vastidão azul tudo pode abrigar, redemoinho engole o que se aproximar, é mais fácil deixar-se levar do que lutar, as águas são pesadas, e seus sentimentos são turvos, não se enxerga nada, e o peito permanece mudo.

Fantasias fertilizaram o solo, apenas seus brotos podem nascer, o ventre desconhece sua tolice, e sua fertilidade é apreciada por muitos. O oceano se enfureceu por carregar tanto peso imundo, quando cristalino pairava como sua brisa serena, porém hoje, irou-se com os vazios que o preenche. Ilusão aguça imaginário, e o que era breu, amanheceu nos ditos sábios. Que a loucura se torne presente, que a tristeza engula a maré, que todo o resto de paz naufrague, e os corações falsos afoguem, não há saída para aqueles que não querem a ter, e não há alegria para quem busca pobreza, o mundo é um barco furado que está quase submergindo, seu leme já se perdeu há muito tempo, as estrelas já não contam caminho algum, e o céu se apagou, deixando apenas a tempestade, para que conduza o oceano a engolir os sobreviventes.

Por Luiza Campos