Meu sentimento Narciso fazia-me apreciar meu ego no espelhar de águas impuras e cada vez mais aquilo me fascinava. Sentia-me atraída por este mar, minha face refletida em ilusão, tudo marketing de um sorriso falsificado para que minha imagem fosse o destaque, uma referência para os corações egoístas, ser o que é para se viver no tempo que se chama hoje, neste mar negro e fantasioso. O raso me atraía, o profundo me assustava, o que poderia ser se adentrasse tal oceano? Esse não era o plano porque o medo sempre me puxava para a beira do meu eu e eu não mergulhava para ver-me o quanto era breu, não me importava por caminhar entre pequenas ondas, as máscaras escondiam o que não queria enxergar e camuflada enganaria até a mim mesma, mas o sentimento me condenava dizendo: este não sou eu! Foi aí que a coragem me pegou pelas mãos e convidou-me a submergir às águas puras para que emergisse todo o mal que havia em meu abissal. Receosa aprofundei nas águas da verdade e as gotículas de cristais aos poucos me banhavam rasgando o véu do desconhecido e fazendo-me enxergar o bem como criança recém-nascida, poderia ser diferente e o opressor amargar meu coração, mas a luz que em mim nasceu está a acrisolar minh’alma até manifestar toda sua imensidão, uma grandeza imensurável cheia de oportunidades, simetria inigualável, alojamento das liberdades.

Desbravando meu mar que me descaracterizei do que é fugaz, meu refrão é o transformar e encontrar a minha paz. Hoje reconheço o meu senhor em mim, não olho mais para os lados como sempre olhava, procurava no outro o que em mim já estava e não me relacionava com a vida que estendeu-me as mãos e agora mesmo estando debaixo das águas, respiro puro e mesmo estando no meio ao caos, desabrochei, flori e renasci, pois o sentimento que em mim despertou, foi como um beijo de amor que me fez acordar para a vida. Em meio a este oceano de sentimentos, consegui sentir e distinguir a dor do amor e usarei minhas nadadeiras da liberdade para encontrar em meu hadal todo o paraíso que ali habita. Somando nossas luzes

Por Patrícia e Maria Lúcia