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Pássaros e gaiolas

A gaiola tem teto de vidro, uma linha tênue entre a loucura e liberdade, até quando aguentará o peso do pecado? Nunca conhecera outra vida além do que se pode ver, digo fora desta gaiola, a porta sempre esteve aberta, medo ou covardia? Ambos se igualam e alimentam-se das escolhas. Pássaros e gaiolas, não se assemelham, mas um reconhece o outro como lar, tornam-se acovardados pelas grades, existe algum canto que a desconheça? Um piar longínquo desta confusão, mas que existe, esquecido nos vales da escuridão, o escrivão teceu alforria, mas quem escolhe voar é o coração.

Eu, sem muito entender, aproximei-me deste pássaro, era cor infinito, tinha belas asas, seus olhos estrelas, seu canto lírico, perguntei, carregada de dúvidas e questionamentos, o porquê de viver assim se poderia ser livre, o porquê de tanta dor se tem a cura, o porquê de piar quieto se há tanta beleza em seu cantar, e ele tão perdido quanto parecia disse-me que não sabia, eras raso como maresia, não enxergava cor porquê não a tinha, e nunca aprendera a voar porque jamais ousou tentar, e como alguém que aproximara para espiar as dúvidas, trouxera mais delas para casa, como algo tão valioso está miserável? Em sua forma carrega toda beleza que se possa querer, desde a liberdade em forma de asas e o assobiar belo que enriquece a natureza, se de gaiola é antônimo libertação é seu nome, mas como pode aproximar-se de seu oposto e esquecer-se de sua origem? E mais uma vez questiono-me, olhando-me nos fundos dos olhos, o porquê, por que viver nos braços da morte se a vida é minha metade? Pássaros em gaiolas, umas menores e outras enormes, mas todas limitam e aprisionam algo que poderia ser verdadeiramente livre.

Por Luiza Campos