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Perder a cabeça

Partes do corpo se perdem, mesmo assim há uma consideração, a permanência da resiliência, acaba que se aprende a viver de outra forma, busca novos meios, tentando ser de novo inteiro da forma que se encontra, começa do zero, se desenvolve, só não dá para perder a cabeça, tanto literalmente quanto literariamente, porque se perder a cabeça perde tudo o que possa ser, fica sem direção, feito um barco sem popa. A cabeça é o comando do corpo e o coração bombeia a vida. A metáfora é clara, quando se perde a cabeça, logo vem a sentença, a justiça é feita dentro da própria consciência, engraçado, você se perde, se condena, se justifica, perde o senso da justiça e perde para a justiça, se sente aflita, desprotegida por si mesma, foi você quem perdeu a cabeça, e agora não é mais a mesma. Quiçá pudesse retornar, sabe que nada irá apagar o ato impensado, as dores causadas, a infração que torna aflição, sem cabeça com sentença, buscando saber qual foi a procedência de tamanha inconsequência.

As representações são sombras que precisam ser vistas e interpretadas, é preciso ter o siso definido, consciente, preciso, um ponto fora do lugar pode por um ponto final, pondo tudo a perder, e se você se perder talvez não se encontre nunca mais, perde a chance de ganhar, ganhar a sabedoria, a sapiência. E então entende que é necessário retomar as rédeas da vida, para voltar a cabeça no lugar, se organizar, para que, quem sabe talvez consiga descobrir o que fez com que se perdesse. E então na busca de se encontrar, talvez se encontre, e entenda que sua simetria é o espírito que lhe habita e que pelo espírito não se perde a cabeça, mas se ganha um corpo.

Por Patrícia Campos