Floresceu à luz do luar, dançando como bailarina, tinha pétalas delicadas, seu tom era alva, mas dama-da-noite a chamava. Havia um momento que sua aparência era casta, sua cor vívida, seu laço forte, mas de madrugada murchava, parecia que nunca houvera um tempo de esplendor, o que parecia belo se guardava para si, escondia-se da luz, calando seus rastros na escuridão. As flores que bailavam logo cedo, perguntavam entre si o porquê de prometer grandeza, mas só florir quando não há ninguém para admirar? Quem a via era apenas a lua e logo soltava sua mão, pois nem era chegado o seu fim e sua dama já murchara outra vez. Sentia-se acorrentada, limitada para existir, ouvia pouco sobre o dia, e sabia que este sonho era impossível de se cumprir, depois de tanto tempo tinha vergonha de florir, preferia o vaso frio do que o calor que poderia porvir.
Suas pétalas perdiam o brilho, e sua esperança perdia o sentido, tudo o que dantes parecia belo e casto, hoje sente que é mentiroso e seus caminhos vazios. Não há como deixar a raiz e viver livre pelos campos, não era beija-flor que voava com o sol, era apenas um broto que desde pequenino já era escrito seu destino, como fugir desta sina? Haveria como seu nome mudar para manhã? Gostava da solidão noturna, mas entendia que sua luz era falsa, como que acompanhando uma doce mentira, mas sua moral seria trágica. O que prendia seu coração eram suas raízes, sua essência tinha o instinto da liberdade, mas seu consciente sabia de suas limitações, suas pétalas com o tempo foi ganhando as mentiras, auto aceitação do que não queria, é melhor viver do que se arriscar pelo calor do dia, não tentou e nunca saberá o que havia de ser seu e o que não poderia.
Por Luiza Campos