Uma gota salgada pesando uma tonelada, quanto pesa um erro? Pesa um trauma contínuo, pesa uma dor inesquecível a qual muitas vezes é posta em berço adormecido. Ouvi chamar por meu nome, me escondi, me envergonhei por estar nua e fui expulsa do paraíso, não pesei à balança a irresponsabilidade causada por minha inconsequência. Não foi a imaturidade que me fez errar, mas foi meu erro que me trouxe a imaturidade para me fazer companhia por todo este tempo, ela ainda não foi embora percebo sua presença todas as vezes que não penso e erro. Não é fácil ser eu, mas tenho procurado não ser, tenho fugido de mim mesma, e não quero me encontrar, não que eu queira estar perdida, muito pelo contrário, mas não quero me encontrar com meu eu antigo, e o meu eu presente ainda está confuso devido a bagunça que me causei. Estou tentando organizar as prateleiras na minha estante alma, são muitas coisas para pôr em seus lugares, muita poeira para se tirar dela.
Muitas histórias que não quero reler, mas que talvez precise para me fortalecer, páginas borradas em tintas escuras, não há como limpar, não tem porque rasgar estas folhas, mas há de haver uma saída, quiçá consiga reverter as novas páginas da minha história. Mesmo que eu queira que fosse esquecido tantos caminhos perdidos que percorri, só eu sei onde passei, o que senti, o que vivi, só eu sei o que vou passar, o que sinto, e o que vivo. Talvez meu olhar de soslaio simbolize minha loucura pelas janelas da alma, e além de todo esse turbilhão interno ainda há os julgamentos externos que pesam, que são pedras atiradas contra mim, mas que eu as mereço por minha ação inconsequente, não inconsciente, mas sem a mínima noção de quanto pesa um erro.
Por Patrícia Campos