Não se estima em matéria, prata, ouro ou diamante, não é palpável, entretanto valiosa, é de graça, mas muito cara, não é rara, porém única, por ser singular torno-me ímpar, mas não quer dizer que não tenho par. Passei os dedos pelo vidro frio, toquei os olhos de meu coração, seu palpitar solfejou a dúvida, e eu mesma encontrei-me nua, quanto vale minha alma? Vale mais que a matéria, pois é eterna, mas não mais que a vida, porque nada é sem ela, só a vida pode compra-la, e a vida só a ela pode doar-se. Vale tudo, mas ao mesmo tempo não vale nada, como estimar um estado? Sua essência será o que fizer de si, a única forma de equiparar-se é consigo mesma, então é o que definir, o que cultivar em seu coração, mas o livre arbítrio calou o universo, cobriu a manhã, e cortou as asas de quem um dia pôde voar, e o que muito valia, empobreceu, por sujar o ventre que iria gerar o filho de Deus, e por simplesmente poder foi alojar-se no breu.
Tornou-se vidro quebrado, e cada caco estilhaçado conta um pecado, algo infinito tornou-se pequeno, ínfimo, como um grão de areia em oceano, e no fim pesará no precipício, e a fenda engolirá sua miséria, por nada valer esqueceu que vale, mas é só porquê preencheu-se de vazios e o nada abraçou a terra, qual seria o valor da alma? O que alimenta a eternidade é sua própria existência, por isso para ser é preciso encontrar sua outra metade, nada feito de energia durará para sempre, sendo este fator que uma hora acabará sua fonte, simetria verdadeira veio do céu e sustenta o firmamento, a riqueza dos olhos é o brilho da vida, pois depois que se apaga só deixará lembranças de algo belo e inigualável, e a casa que somos hoje poderá ficar vazia, se deixar esvair as gotas da vida, quanto vale sem ela? Nada valho e nada sou, só serei algo quando tê-la por inteiro, e Eu Sou viverá em meu espelho, pois sendo Eu meu valor verdadeiro.
Por Luiza Campos