Sabe já estou farta de tudo, e tudo deste mundo é um peso sujo, por isso clamo, como uma prece aos céus, e sei que é este véu que importuna minh’alma. Sabe o tempo corre rápido, como se fosse acabar, ele já se têm, mas quem não o abraça se afoga na maresia. Os gritos são silenciosos, mas machucam meus ouvidos, o mundo já está corrompido, e mesmo que não percebam, todos os dias estão sendo punidos. Viver por aqui é um sufocamento, ao perceber perdeu o ar, sem força, sem esperança, sem dignidade, qual a saída deste lugar? Sabe, a verdade dança por toda parte, como uma livre bailarina, está nos galhos que bailam com o vento, no tilintar dos passarinhos, ao quebrar uma onda, no infinito azul, nas sete cores do arco-íris, está na metamorfose, em um nascimento, e está também na morte, está onde quer que olhe, o que pense, o que diga, está escondida, mas muito bem explícita, está clara em universo escuro, está viva em um mundo morto, e tão lógica em um lugar de loucos.
Sabe, nem mesmo o céu entende o porquê os olhos se fecharam, porquê tudo se desfez como as árvores no outono, como as coisas vieram acabar assim. Só sei que os dias passam depressa, como que desesperados para que se findem, o sol levanta e todos começam com suas vidas vazias, com suas histórias rabiscadas, com suas mentes barulhentas. Sabe meu Senhor, laços terão de ser quebrados, sei que o fogo assola, queima e destrói, mas que tudo caia aos teus pés e se reconstrua como deve ser, os antônimos se encontrarão e darão lugar a suas costas, murchando as flores velhas e brotando um renovo, caindo a esfera pálida e nascendo a estrela guia, o sol da manhã e o calor de um dia alegre. Meu Senhor, eu te conheço, e sei que o Eu Sou pode refletir em meu espelho, e tua face será a minha, teu corpo será o meu, e sua existência terá a mim. Sabe, este caminho traz consigo muitas batalhas, mas quem anda com a vida não a teme, é preciso, é necessário, e um dia, para aqueles que fizeram o que deveria ser feito, herdarão a eternidade com vida.
Por Luiza Campos