Entre sons distintos eu busco o silêncio, porque ouço vozes que querem me calar. Sigo num diálogo comigo mesma, tentando me ouvir, ouvir meu eu aconselhador. É tão difícil ouvir-se, ouvir a verdade de si mesmo por si mesmo, mas é extremamente necessário ter esta conversa, se olhar no próprio espelho, olho no olho, enxergar principalmente seus próprios defeitos, por que de outra forma como corrigir-se? A verdade é nua e crua, me vejo sem vestes e como da minha carne, porque descobri que meu eu efêmero me faz a pior pessoa do mundo, mas descobri também que sou uma porta que se abre para a eternidade onde tudo posso naquele que quis que eu fosse, o qual tem sido a minha força para seguir em frente.
Muitas vezes é preciso se ensurdecer para que as vozes que não enriquecem sejam de alguma forma silenciadas porque elas não nos trazem nenhum benefício de crescimento, antes tentam te derrubar e silenciar a voz que clama por sua eternidade com vida. A concentração é fundamental para manter sua sanidade em conformidade com aquilo que você busca e que te faz bem. A solitude é uma joia rara, difícil de se encontrar, mas quando a encontramos e a degustamos feito um vinho excelente não queremos mais nos desacompanhar dela. A solitude me faz conectar-me com tudo que tenho em meu hadal, me faz desbravar caminhos os quais nunca passei, me descobrindo cada vez mais, onde há paisagens tristes que me fazem virar mar, mas que escorrem e secam e seu sal me cura e eu sigo em frente buscando ser riacho, porque desejo que minhas águas sejam doces e que sirvam para matar a sede de muitos e para isto preciso cada vez mais silenciar as vozes que ecoam dentro de mim, as quais não me elevam. Que a voz que reverbere em mim saia da boca do Eu Sou, porque esta voz tem o poder de curar almas, e quero ser curada por ela.
Por Patrícia Campos