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Testemunho da vida

Sempre estive, mas nunca notada, corria pelo carmesim, e nada encontrava, dizia me ter, e nada era, um conto, uma história, uma fábula. Não conheço esse rosto, nunca me manifestou, andou pelas sombras, onde não estava o Senhor, suas escolhas rasas, devaneios falhos, cores falsas. O pouco que pude dar-me, vi que não poderia ter-me, pela eternidade seria prisão se com este espelho unificar-me, sempre encontrava-me no brio do olhar, mas nunca nas mentiras dos lábios, eu queria muito poder abraçar-te, mas espinhos cresceram por todos os lados, não posso dizer o que nunca foi, e o sonhado nós, nunca existiu. Seus rastros contam a escuridão, ela pode entender-te, de ponta a ponta coração, viveu, viveu, e perdeu-se na ilusão, não soube o momento de parar, em inércia será, não mais viverá, mas estará, em algum lugar, em algum tempo, em seu estado, com o peso da dor e do pecado, a mancha de uma história que se perdeu, esquecida nos vales do infinito.

Um dia se perguntará o porquê, e quando se lembrar irá querer voltar ao esquecimento, as correntes rangerão em seus ouvidos, e a solidão que senti enquanto em ti, sentirá para sempre por mim. Vazio amargo, luto infindável, o tom nefasto, um canto sombrio, não há saída deste casulo que ruiu, sentirá a dor das asas arrancadas, pequena lagarta, não ouvira a voz dos céus? A tempestade despedaçou suas terras, avassalou seu campo, destruiu suas quimeras, e trouxera ardor e pranto, como nunca sentiu que havia algo fora de lugar, sendo seu olhar e seu conto? Se houvesse desculpas, me desculparia, mas esta culpa nunca fora minha, deixo agora a eternidade tomar-lhe para si, pois para mim nunca foi.

Por Luiza Campos