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Tsunami temporal

O tempo não proseia, não se enlaça, não fica, como uma brisa indecifrável que acaricia a tez e passa, o tempo não sabe para o que é, mas algo o tomou para si, ele valsa pelo infinito traçando histórias que nascem e logo depois vem a ruir, se o tempo pensasse ele não entenderia os universos existentes, o porquê de escolherem sua finitude ao invés da eternidade, e como todos os caminhos traçam em seus ponteiros, deixando rastros vazios que se apagam, mas que os mundos se apegam. Se o tempo proseasse, acredito que perguntaria aos céus o porquê de correr para tantos corações perdidos, se ele se cansasse, acredito que pediria um respiro para si, pois se encontraria enfadado de tantas frivolidades, se o tempo vivesse em hipóteses, acredito que hoje não estaríamos aqui, ele já haveria ido há muito de si, mas como não, ele corre pelos vales, pelas florestas, pelos becos, pelos olhos vazios e sem brio, corre ao mando dos céus, e só findará quando a tempestade chegar, e aos poucos ele deixa que cada um encontre seu caminho sem ele, e se viveram por ele nada mais poderá fazer, como nunca pôde. Longe do tempo e longe de tudo, eu me encontro submersa em mim, perguntando-me porquê tanto protelo, há um fim, mas protelo, uma linha de chegada e se não alcança-la cairei, e ao protelar vou perdendo o tempo, areia movediça vai se espelhando como tsunami, afogando o que não encontrou chão, levando para longe quem esperava uma resposta do tempo, e de novo, se ele pensasse ele se perguntaria o porquê, mas nem mesmo quem corre parado saberia responder.

Por Luiza Campos