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Universo em crise

Cada um com seus percalços
Inverso infinito particular
Muda geração e o engano no encalço
E a vida sorrindo continua a acenar

Mas as almas não despertam
E o renovo nunca brota
Simetria incompleta
Profundas cisternas rotas

Ouve-se ao longe um choro
Palpita mais uma esperança
Relicário abrigando um tesouro
Pureza singela de criança

O tempo debulha a inocência
Ponteiro aponta crise de identidade
Ao despontar da consciência
Logo camufla-se de vaidades

Afazeres dispersam sentidos
Rotinas afogam a verdade
E o peito clama por um tino
Ao percorrer de cada idade

Precioso tempo asfixiado
Grita no âmago crise existencial
Rugas no espelho, livro da vida empoeirado
Desprezado foi o essencial

Vãs experiências sem sabor
De uma passagem considerada inútil
Amargo fel, tormento e dissabor
Frutos de uma vida fútil

Próprio universo em crise
Peça fora de lugar
Efêmero criou raízes
Eternidade de amargar

Por Michele Mi❤️
Tema sugerido por Maria Lúcia