Virar do avesso, mudar o sujeito, enfrentar os próprios medos, dissipar todos os sentimentos. Mexer na própria ferida pode doer, mas é na raiz do problema que devemos chegar, só assim haverá solução para todos os danos que foram causados no coração, muitas vezes mexer na ferida é como jogar sal, ninguém quer mexer, mas deixar sangrando lá dentro sem curar causará danos maiores que podem se tornar uma chaga irreversível. Mesmo com nó na garganta tem que se enfrentar, mesmo com as feridas abertas devemos com bravura lutar, porque em seu tempo todas elas hão de cicatrizar, pois é uma reviravolta no inverso do reverso onde acontece a transformação, é onde deve sacudir todo o pó, desatar todos laços e nós, e de si mesmo não ter dó, até parece ser brusca a mudança repentina, mas acontece que é outro ser, nova mudança de personalidade, novos hábitos de se viver, não tem absolutamente nada a ver com o que se passou, um novo ser está se formando, a velha identidade está se rasgando, tudo está se derrubando, indo ao chão, virando do avesso.
Desta jornada não se leva nada, tudo fica pelo meio da estrada, é um começo de uma nova era o qual lá na frente uma nova terra nos espera, não há tempo de olhar para os lados, de tosquenejar, é seguir na mesma direção com a certeza que haverá o amanhã. O fundamental dentro do processo é nunca se esquecer que toda dor é passageira e há de passar sem ao menos você perceber, o foco principal é silenciar seus ouvidos para os ruídos estridentes desse mundo e se manter confinado incontaminável deste mundo.
Por Ítalo Reis