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Volte para o paraiso

A falta de percepção lhe fez dar uma grande volta do lado de fora, o sossego lhe tirou o sossego, então resolveu se aventurar, tornou-se rebelde, o cúmulo do revoltado, morava sozinho e fugiu de casa. Quis pôr a culpa na Eva, mas ela não foi a única que desobedeceu, mas é conveniente pôr a culpa em alguém que não seja eu. A sua desobediência lhe custou caro, saiu do paraíso e perdeu de si e está difícil se encontrar. Viu graça na desgraça, foi aventurar-se com a libertinagem, voou baixo entre os abismos, deu as mãos para a malícia e despediu-se da inocência, e assim se foi a tua pureza, o teu coração se sujou de forma torpe, e o engano lhe levou como morada. Virou mar, virou noite, varou noite e virou frio. Olhou ao redor e não viu saída, talvez se tivesse fechado seus olhos a teria encontrado. Entre pensamentos vagos a vala da alma aumentava, causando-lhe um sofrimento solitário, algo que era só seu, mas foi você quem quis tê-lo. Brigou com os pulsos, o carmesim era sua cor favorita, se suas lágrimas se petrificassem virariam rubis. Um estado sem lado, só não estava ao seu próprio lado, desobedecendo as leis que lhe dariam conforto à alma. Ao fundo ouvia uma voz dizendo: volte ao paraíso! Volte ao paraíso! Mas não marcou o caminho com pedras para que pudesse retornar e não sabia para que lado ele estava.

Ele sempre esteve do lado de dentro, por isso ninguém o encontrou, os corações se apaixonaram pelas ilusões deste mundo, puseram suas riquezas em algarismos virtuais, que se um dia der um pane no sistema, serão apenas um indivíduo qualquer, comum, igual. Se cada um não retornar para o centro de si, no hadal da alma e não se tornar puro, eliminando toda a impureza desta matéria efêmera, jamais se encontrará novamente no paraíso de onde saiu e nunca se encontrará com a paz verdadeira e perpétua.

Por Patrícia Campos

Tema sugerido por Lauro