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A companhia da solidão

Há vezes que a solidão encontra-se palpável, nestes momentos a prosa se torna até mesmo agradável, uma companhia que instiga ir mais fundo e sair do raso, para descobrir-se, revirar-se, de um lado ao outro, de cima a baixo, reinventar-se e redescobrir-se, com outra tez e outros laços, carregando novos contos e novos alvos. Um enlace perfeito, a solidão, eu digo, sufoca, mas também liberta, e em algum momento, em outra hora, a confusão se assenta, e fica apenas você e mais ninguém, ou melhor, você e a sua solidão.

Não há nada mais vivaz do que se entregar ao sentimento de estar só, pois em algum momento o choro torna-se um resquício salgado, o peso não parece mais um fardo, tudo toma forma, e toda arte encontra seus traços, cada pedacinho de si juntos em um, de caco em caco, pedaço a pedaço, e no fim se reflete como é, sem máscaras ou sorrisos falsos, apenas o que restou da tempestade e se assentou no assoalho. A partir daí há formas de mudar, pois é a partir daqui que realmente sei quais passos tomei e quais deverei tomar, para que a vida reconheça sua face em meu espelho, e eu venha a reconhecer seu reflexo como minha própria tez, sem grandes palavras, sem grandes feitos, apenas simples, para que eu seja quem sou por hoje, e me molde para ser melhor no amanhã.

Por Luiza