Eu posso pintar o céu de carmesim e derrubar as estrelas do céu, posso inverter as leis do oceano e ele transpassar o comando da margem, posso também colocar os pássaros nas águas e os peixes nas nuvens, poderia fazer do elefante pequeno e da formiga um gigante, posso calar o barulho e aumentar o silêncio, posso dar vida ao que morre e mortificar a vida, posso muitas coisas que cabem somente a mim, audíveis e palpáveis em minha imaginação, mas não passa disso, puramente e unicamente ilusão.
O mundo pode ser o universo e o infinito o pó da balança, mas no fim das contas somos tão pequenos que não fazemos falta depois que morremos, o ciclo continuará o mesmo, o céu continuará azul e os peixes permanecerão nas águas, nada de estrelas caídas sobre o solo, nem mesmo no coração, pois a única luz que havia apagou como uma vela na tempestade, o oceano ainda obedecerá os comandos que lhe foram impostos e o que era continuará sendo, porque quem inverteu e pôs a cabeça nos pés, foi eu, e mais ninguém, posso ver isso agora ou depois, isto também faz parte do que posso, porém as consequências nascerão, agora ou amanhã. O absurdo tem validade, e normalmente deixam vencer, quando percebem já é tarde e estão comendo o que apodreceu, afogados em escolhas vazias que construíram o nada em que se encontram, preferem acreditar no impossível e soltar a mão da verdade, preferem muitas coisas e nenhuma delas é a liberdade.
Por Luiza Campos