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Bagagem vazia

Um viajante disperso, viajando em seus pensamentos, montoeiras de desconexos arrastados pelos ventos. Uma mochila e uma botija, ambas vazias, cheias de ecos consumidas pelos becos onde os pulmões se preenchem de berros, pedindo socorro, ou mato ou morro e então sobe o morro, em fuga, se suga e a alma continua nua. A verdade é crua, mas cura àquele que quer se curar.

Um viajante sofrido, sem tino ou destino, apenas caminha beirando as esquinas, como uma bola na quina à ser derrubada. Um coração flagrado comendo do próprio pecado, largado no espaço que lhe coube bem, só não buscou o seu bem, do mal tornou-se refém, do amor fez desdém e não se encontrará nunca mais no além, depois não haverá para quem reclamar, ficará aquém, como se diz “a Deus dará”, sim dará sua sentença, sua recompensa por não ter se preenchido da vida, por ter sido um viajante de mãos vazias, de alma tão fria, triste será sua sina por sua bagagem vazia. Houve o tempo de ocupar-se, completar-se de eternos ternos, de flores e alegrias, mas tornou-se espinhos de suas fantasias e ao chegar na última estação, onde deixaste o seu coração? Descestes com a bagagem vazia e sua alma agora agoniza em eternidade sozinha.

Por Patrícia Campos 🌺

Tema sugerido por Lucinha