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Coração sensível

A geladeira Terra encantou os corações e sua frieza fez com que os congelassem por dentro, vestem-se de sorrisos tristes e em seus olhares o brilho que a vida lhes dá não é insuficiente para brilhar para fora, porque não há um brilho interno, seus espelhos não conseguem espelhar o amor o qual um sábio disse ser o vínculo da perfeição e por isto se mostram imperfeitos, por faltar-lhes o amor. A sensibilidade se despediu e incrivelmente não fez falta no mundo dos mortais infelizes. Sensivelmente lembro-me da linha tênue que divide o meu universo com o universo de corações sensíveis que passaram por este mundo e que ainda hoje me sinto abraçada por eles, sinto suas vivências, o quanto amaram demasiadamente a ponto de me sentir encharcada pelas águas jorradas por suas bocas a tanto tempo atrás, mas que permanecem imutáveis, com o mesmo sentimento quando proferidas às almas que ali estavam presentes.

Hoje sinto seus cuidados, suas angústias por não conseguirem segurar o rio com suas mãos, o quanto desejaram a libertação das almas, o quanto não se importaram de serem presos, maltratados e tudo o que queriam era trazer a liberdade à tona, queriam emergir as almas ao respiradouro, para que não morressem em meio às águas sujas, afogadas por suas ilusões. Somente um coração sensível pode desejar o transformar, não somente à sua metamorfose, mas deseja que todos tenham o mesmo sentimento, a mesma sensação de mudança, de libertação, de tornar-se um, não uma unidade individualista, mas a união de infinitos milhões num mesmo corpo, o qual é Deus.

Por Patrícia Campos

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