Eu tive uma conversa com Deus, é sério, eu tive uma longa conversa com Deus, eu sentei em uma cadeira com um foco de luz sobre ela, era uma espécie de banco dos réus, eu não via a Deus, estava na parte escura da sala, mas eu sabia que Ele estava lá e era Deus, pois eu sentia que era Deus. Ele deixou o silêncio pairar por um longo tempo no ar, eu não estava preso a nada, mas uma força não deixava eu me levantar da cadeira. O silêncio zunia nos meus ouvidos e só eu quebrava o silêncio com a minha respiração, que ofegava conforme o tempo passava. Não existia perguntas e nem respostas, mas uma força me fazia confessar os meus delitos, eu dizia a mim mesmo, eu sei que pequei, não deveria, mas pequei, eu estava diante de um espelho e via a mim mesmo com todos os meus defeitos, não defeitos físicos, mas defeitos da alma, eu tentava dizer que não era eu, mas os meus olhos não me enganavam. Eu tentei provocar a Deus para ver se Ele reagia, mas só a presença Dele preenchia toda a sala, Ele era como uma espécie de gravidade, que você não vê, mas sente.
Eu estava ali sozinho diante de Deus e dos meus pecados, queria escondê-los, mas tudo estava nu a minha volta, não tem como questionar a verdade, mas só abaixar a cabeça e respeitá-la, pois a verdade nos conduz no caminho da vida. Parecia que naquela sala tinha um sino tilintando em meus ouvidos, eu até tentava cantar alguns trechos de músicas para não explodir a minha cabeça. Eu sabia que Deus estava ali, mas parecia que era eu e eu, não me identificava com nada, até que um grito ecoou em meus ouvidos: “CONSCIÊNCIA”! Parecia que vinha dos céus, mas o céu estava ali a minha volta. Eu vi um raio que saltou de dentro de mim e um clarão que me refletiu no espelho que estava a minha frente, eu era o próprio espelho da minha vida e aquele sentimento que tinha da presença de Deus veio à tona e eu senti um gozo profundo como que manifestando a presença de Deus. Eu senti que Deus não estava só a minha volta, mas dentro de mim e aquela sala se encheu de luz. Era eu mesma, a consciência, que me fazia aquele espaço dantes escuro, e aquela luz sobre a cadeira que eu sentava, era o espírito que só iluminava o lugar que estava, mas eu vi que aquela sala era muito maior do que imaginava, as paredes da escuridão era o meu corpo carnal, mas eu olhei para aquela luz que estava sobre mim e vi uma porta estreita que me levava ao céu. Eu subi na cadeira que estava sentado e dos ombros para cima eu trampus a porta e vi quem estava comigo, ele não só preenchia a sala em que eu estava, mas todo o infinito, e finalmente Ele me disse: volta lá para a sua sala, aquela luz te guiará, até que entres pelo portal da vida. Eu me vi chorando sozinho sentado naquela cadeira, mas algo me dizia: não olhe para baixo, mas para cima onde a luz está. Enxuguei as lágrimas, levantei da cadeira e a luz se pôs a andar e estou seguindo-a até hoje e algo me diz que já estou para chegar. A presença de Deus continua a minha volta, mesmo sem enxergá-lo, mas sinto a presença Dele constantemente em meu caminho.
Por O teu espírito diz