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Efeito borboleta

Bateu as asas e a vida surgiu, abriu-as e esvaiu-se, um suspiro, um respiro, um sufocar, por um momento liberdade, em outro perdição, escolhas variadas, aos cacos coração. Pousou no colo do destino, voou sem tino, em cada tom acinzentava outro caminho. Escolhas quase sempre pequenas, mas suas ondas são grandes, passos curtos e um abismo clamando pelo seu nome, o oceano abraça, mas chega um tempo que amordaça, aperta, um peso para o nada, efeito borboleta, tanto destrói quanto afaga. Cada rastejar tece um mundo, o luto pelo que precisa deixar é sua ruína, duas possíveis sinas, uma escolha, pular do monte enquanto ainda pode voar ou cair do precipício quando não houver mais asas, a decisão parece certa, mas são infinitas incertezas que corrompem o mundo, calam os céus e ouvem o que é impuro, um tropeço e já encontrou-se sem rumo.

O primeiro dominó guerreou com o último, a correnteza levou os corações, guiados pela cegueira de uma promessa vazia, a vida esvai como poeira, e o pó tão ínfimo se apossa do trono, uma borboleta sem asas, lagarta que não passou pela metamorfose, ao invés de assoprar as raízes do tufão, amarga e corrompe o próprio coração. Desta forma, de tempo em tempo, o pincel de sua história empobrece sua tela, escolhas rabiscadas com tristes aquarelas, seu efeito são as mágoas da vida, que aceleram seu declínio, bom seria se tuas asas colorissem o arco-íris, com o firmamento em seus olhos e com a presença dos céus em suas íris, efeito contrário teria da dor, mas passos dizem quem espelha, e seus dizeres trancaram sua cela.

Por Luiza Campos