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Estilhaço

Como posso quebrar meu coração em mil pedaços? A imprudência toma conta e causa um estilhaço, um ato sem pensar, imerge o meu fracasso, cuidando passo a passo e um passo em falso põe tudo a perder. No espelho vejo o que não gosto, não por não estar me sentindo bem, mas quem eu vejo não me faz bem, me faz refém dos meus próprios erros. A noite é longa para quem se espelha, o passado assombra e a alma se esquiva. Não é o fim da linha, ainda, mas se não cuidar nem vê o fim chegar, simplesmente dá de cara com ele depois da trilha num lugar onde nada brilha. Ouço muitas verdades sobre mim, me entristeço por ser assim e sei que tudo depende de mim. Não que me falte forças, mas as mãos que querem me ajudar são as mesmas que me empurram, estranho isso, e a culpa não é de ninguém além de mim.

Talvez fosse melhor eu me ausentar, não de corpo, me trancar para me estudar, preciso ser estudada por mim mesma, um espelho que não se espelha não vira centelha, mas cinzas na eira, acumulador de poeira numa vida passageira. O tempo é um atleta de corrida que sempre vence, sempre está a frente da gente, e se não corrermos com ele ficamos para trás. Quem entende? Eu o vejo marcado nas faces e nas almas, nada apaga, nada acalma, apenas passa como fumaça, mas fica riscado na memória, triste parte de cada história, é preciso uma reviravolta para não ficar dando voltas e voltas e voltar para o mesmo lugar de onde saiu e como saiu, nu.

Por Patrícia Campos