Às vezes eu sinto que nada é suficiente, talvez porque ainda falta muito e o espelho não mente, parece que os pés não saem do lugar e que me perco em minha mente, no fundo não sei decifrar, colocar para fora, poetizar, brinco com as palavras, mas sempre longe de mim, é difícil explicar, mas mais difícil ainda é me encontrar. Sempre soube da vida, e ela sempre me encantou, o que aconteceu no meio do caminho? Um fardo que carrego e que não preciso, uma verdade que enxergo e que levo comigo, um espinho em minha alma, já nasceu em toda rosa, infiltrou-se no jardim, e se abrigou nos caules, até mesmo o girassol ganhou sua presença, e fica, embarga a voz, afunda o peito, machuca os olhos, despenca com a tempestade, a dor de não fazer o que deve ser feito. Insuficiência, muito pouco para algo tão grande, apegado ao nada, e o nada se instala, cresceu com o vácuo e esqueceu que é universo, imenso, vasto, eterno, o que espero?
A semente não implorará ao solo, planta quem quiser, pois todos a tem, o que falta é determinar, portanto é preciso frear o impulso e raciocinar. A vida não espera, o ceifeiro virá, insuficiente, dirá, e como fará para voltar? Não há volta, não há outro caminho, perdeu-se da trilha nunca mais encontra o tino, quem guia é a luz celeste, mas o que fazer se não haver mais veste? É melhor estagnar do que dar um passo errado, mas o cuidado deve ser dobrado para não acostumar-se com o pecado, que as horas não acabem nesta confusão, pois não há desculpas, esmagadora, pesada culpa, abrirá o chão e engolirá o coração, e ao que se agarrar se o anjo não estiver com a alma?
Por Luiza Campos