O filme que se passa na minha memória revive histórias que só eu sei que senti, quando senti, porque algumas vezes a hipotermia da minha alma me fez ser fria mesmo meu coração batendo e pulsando o meu sangue por todo meu corpo. Estranhamente alguns sentimentos são invalidados por mim, outros o invalidam por mim, como que se eu não tivesse sentido, mas querem que eu acredite que não os senti, mas eu os senti, eu sei que senti. Cada um caminha em si, no interno da alma, e sabe cada passo que foi dado, o que doou e o que foi doado, o que doeu e o que fez doer. Por que a dor do outro é mais dolorosa? Quando há conexões a empatia se faz presente, você sente o que o outro sente, sofre junto e estende as mãos, é fácil acolher quem se quer, difícil acolher quem não faz questão.
Preciso trabalhar isso em mim, mas não vou fingir sorrir só para agradar alguém, porque se o sentimento de desdém habita em mim sou eu que preciso me desprender dele, é estranho não é? Ter desdém pelo desdém, ampliar-se, ir muito além de limitar-se a ser tão pequeno podendo ser infinito. Todos têm sentimentos, mas por quem tenho apresso tenho que ser mais sensível, pura hipocrisia minha, não é assim que devo ser, mas ainda estou aprendendo e não aprendo com a mentira, por isto em passos curtos, vou seguindo, contra o tempo e contra o mundo, na tentativa de invalidar toda a poeira transformada em sentimento.
Por Patrícia Campos