Dela que diziam ser a última a morrer, mataram-na sem escrúpulo, como se não houvesse amanhã. Antes a pisotearam-na e zombaram-na porque a intenção era que ela não sobrevivesse. Mataram a esperança do lado de fora e dentro de si não permitiram sua entrada. Nem mesmo os pássaros tocaram sua melodia, e as folhas que as representavam por sua cor, foram se desbotando até que não cumprissem mais seu papel na fotossíntese para que ficássemos sem ar, até que não nos restasse nem mais um último suspiro. Por onde será que ela anda, já faz tanto tempo que não a vejo, talvez nos olhos das crianças, quiçá ainda há um lampejo.
Sua voz anda embargada, sem esperar pelo amanhã, as almas foram largadas como a chuva temporã, no tempo que eram para se encontrarem, foi no tempo que se perderam, não era para naufragarem, junto à âncora se renderam e foram se aproximando cada vez mais do abismo, no abissal da escuridão, onde a esperança nunca esteve, onde morre o coração lugar onde o amor se absteve. As vestes da esperança são tecidas pelas mãos que trazem luz, no fim do túnel podemos vê-la, há esperança de encontrar-se, de poder se ver de verdade, para que consiga se restabelecer, suspirar e sentir a vida, se fortificar até vencer, ainda há uma saída, só não podemos matar a esperança que ainda pulsa em nossas entranhas, devemos perdura-la em nós como fazem as crianças, em sinceridade e verdade confiantes de uma vida vindoura, só assim não a deixaremos morrer afogada e a traremos para a superfície, que a esperança seja aclamada até que as almas se tornem livres.
Por Patrícia Campos