Meia verdade, entrega-se de meio corpo e meia alma, disrítmico caminho, indecisões falhas, um tanto morto, um tanto rasa. Rastejando-se pelo assoalho, carrega o pão amassado, prosta-se perante os céus e perante a terra, puxa a corda quando está longe demais e afrouxa os nós quando está muito perto da morte, vivendo em uma corda bamba, traçando rotas e fazendo escolhas tão vazias, sem personalidade, em ruína, vive conforme o medo disser, e quando parece estar livre a corda volta e lembra quem é. Se conforta nos espinhos, busca desculpas por ter culpa, às vezes clama a voz dos céus, mas falar o nome do Eu Sou não lhe torna o ser, muitos “mas” e pouca ação, busca tantos “ses” e se perde da direção, migalhas, migalhas, o anjo não se agrada, oferecendo um pouco de si, quase nada, esperando que aceite sua alma, que se banha nos destritos, se banqueteia e continua faminto, que se lava na lama e permanece nu, cru, tão pequeno, perdido no espaço tempo, encantado com o que as trevas lhe oferecem, e não percebe a ilusão que dança pela superfície, embaixo disso tudo o que resta é seu covil, uma história suja e conto vil. O que oferece a Deus? Já se perguntou? Dizem que quem é morno Deus vomita, melhor ser frio ou quente, pois mostra que ao menos tem escolha, e não oferece o que não tem.
Por Luiza Campos