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Oficina do engano

A cada dia que passa em sua oficina, chega mais um pedido, mais um desejo, mais um sonho. E, como um ganancioso, você faz de tudo para ter tudo, um corpo bonito e malhado, dinheiro e poder, história e fama. Sua oficina é infinita, mas seus desejos são limitados. Seu prazo é curto e sua corrida, feroz. Corre para lá e para cá, pois sabe que tudo isso vai acabar, sabe que nada disso durará, mas, mesmo tendo esse conhecimento, faz de tudo para realizar seus prazeres. O tempo passa como as águas de um riacho e, sem perceber, suas gotas estão no fim. Ao relembrar sua trajetória na oficina, percebe o tamanho do desperdício. Vê a bagunça dentro de si e se desespera ao perceber que não há mais para onde correr.

O diabo lhe entregou desejos, e você os pegou, cuidou e serviu. Agora, sua oficina está vazia. Correu, correu e não chegou a lugar nenhum, trabalhou, trabalhou e não levou nada, foi enganado ou se enganou? Em suas gavetas, encontra uma caixa empoeirada com a inscrição: “a vida”. Pelo estado em que se encontra, nunca havia sido aberta. Depois de tantos anos, finalmente encontra tempo para dar atenção ao que sempre ignorou. Dentro da pequena caixa, há o infinito. Ao abri-la, sua face se desmancha diante de tamanha grandiosidade, algo que parecia tão insignificante continha o verdadeiro significado da vida. Nela, estava o caminho para a salvação. Ali, compreende que sua oficina deveria ser do Senhor e não do diabo, mas, por desprezar a pequenez da caixa, sua apunhalada foi silenciosa. O mundo dominou sua consciência, fazendo-a servir ao engano. Mesmo sabendo que caminhava para o nada, não parou para analisar sua saída. Mesmo sabendo da morte, não se preocupou com a vida. Seu ego se colocou à frente de Deus, e isso selou seu destino. O resultado? Uma morte sofrida, abandonada e vazia. O triste fim de uma história que poderia ter tido um final feliz.

Por Luiz Gustavo

Tema sugerido por Luiza