Aqui onde estou tem um muro muito alto que não dá para enxergar do outro lado para ver como é, parece que estou preso em uma penitenciária de presos muito perigosos, ninguém te fala nada, não fala o crime que você cometeu, só te mandam aguardar, e os carcereiros são muito maus, não te dão atenção, eu grito, grito, mas ninguém me escuta. As pessoas daqui pensam que eu não sou paciencioso, mas o caso não é falta de paciência e sim falta de saber o que está acontecendo, que eu me lembre eu não fiz nada para merecer esta dura pena. Estamos todos amontoados num pavilhão desordenado, sem a menor atenção de ninguém, eu sei que do outro lado tem alguém nos vendo, mas não faz nada para nos tirar dessa prisão. Às vezes, eu fico confundido com a esperança, não sei se ela vem ou não vem, me sinto como o profeta Ezequiel que já nasceu entre os cativos, nunca conheci a liberdade, não sei se foram os meus pais que pecaram ou se fui eu mesmo, só sei que já nasci preso, se eu tivesse a chave da porta a abriria e sairia desse pavilhão mundo. Um suposto Senhor disse assim por Isaías: Eu irei adiante de ti e endireitarei os caminhos tortos, quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro e te darei os tesouros das escuridades e as riquezas encobertas, para que saibais que Eu sou o Senhor.
Eu sou o Senhor, e não há outro e fora de mim não há Deus, eu te cingirei, ainda que tu não me conheças. É por este Senhor que espero para me tirar desta prisão mental, deste mundo mal e desumano, mas os meus dias vão se alongando, se alongando e o meu dia da liberdade nunca chega. Eu falo para os outros terem esperança, mas eu mesmo já perdi as minhas, não suporto mais este mundo cruel e doloroso para a minha alma, passo o tempo procurando lugar para fugir disso aqui, mas não vejo saída, se diz que a saída está no Criador, mas acredito que Ele me abandonou e se esqueceu de mim. Passo madrugadas acordado tentando falar com alguém, mas ninguém me responde, lamento como Davi que disse: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias? Deus meu, Deus meu, eu clamo de dia e Tu não me ouves, clamo a noite e não tenho sossego, mas eu sei que Tu estás no teu lugar Santo, introduzido no meio dos teus querubins, mas eu estou nesse mundo mal, aflito e desassossegado, esperando pela Tua mão bendita me socorrer. Me jogaste no meio das trevas, num mundo sombrio que não vale nada e que todos espreitam na beira da estrada. Um mundo em que a desgraça alheia é fonte de lucro, pior são esses comensais escroques do diabo que trabalham por dinheiro dizendo que é a Sua obra, a Sua obra é esta meu Senhor, o Senhor está vendo o que eles estão fazendo e não vai fazer nada!? E eu estou aqui no meio tentando fazer alguma coisa a teu favor, e sou obrigado a sofrer com os maus. Me dê pelo menos o ar da sua graça, meu Senhor, para que eu possa suportar as aflições, as minhas aflições não são por falta de nada da carne, porque nela estou muito bem, mas as minhas aflições é justamente porque todos estão contra o seu propósito e eu aqui sem poder fazer nada. Já que eu não tenho mais nada a fazer neste mundo, me tire daqui, me leve para o teu lugar eterno ou me diga o que tenho que fazer aqui ao Teu favor, porque só o eu pregar não está adiantando nada.
Por O teu espírito diz