As nuvens choram as suas dores, mas o que há de se fazer? Os céus tornaram-se infernos, a escuridão se alastrou pelo universo e as estrelas estão em ruína. Senhor meu, o que há de se fazer diante uma catástrofe? Pois sou igual uma tocha acesa caminhando na extremidade de um mundo em colapso, eu vejo a boca do cão aberta engolindo as almas pelo engano, ouço pedidos de socorro gritando do fundo do olhar, corações sendo possuídos por religiões de demônios e as almas se perdendo dentro das suas loucuras. Senhor meu, às vezes eu queria sair do meio deste alambique sem fim. Ah! Senhor faça de mim um microfone potente em suas mãos para que eu venha abrir minha boca como rio corrente a desaguar águas vivas da fonte da vida, faça-me ser oceano de frescas águas para banhar e trazer alívio àqueles que queimam na labareda de seus tormentos e mágoas, dê-me forças Senhor, pois também me vejo como Neemias lutando dentro de mim para edificar a minha consciência na rocha da vida, lutando para não deixar nada e ninguém estremecer a casa que pertence ao Senhor e que serve com o entendimento que tem e com a força que tem ao Senhor, não importa se é muito ou pouco, mas o que tenho sirvo ao Senhor que é a vida em abundância em mim.
É uma batalha entre dois mundos, um para edificar e outro para derrubar, um erguer no céu, outro por abaixo enquanto aqui estiver, a obra não para, as aflições não dão tréguas, os ardores não passam, mas estou em uma purificação, uma troca de sentimentos, de sujeito, de ser, de rejeição de mim mesmo, do que fui, pois sei que na carne morrerei como todo mundo e quero viver porque a vida se faz asas dentro de mim e eu quero voar rumo ao céu…
Por Maria Lúcia