Quando nasci, um mundo ignorante já me esperava, entrei em um tempo em que tudo de ruim já existia, pessoas vivendo só por viver, consciências cavando as próprias covas com lança apontada para o peito sem misericórdia. Eu estava no paraíso, brincava com o amor, eu era a santa inocência, assim como a pureza que por meus pés brindavam as coisas boas da vida, eu brincava com Deus, onde seus anjos refletiam a simplicidade no meu sorriso casto, mas cresci, produzi a consciência, comi do fruto proibido e fui expulsa do jardim de Deus, conheci o bem e o mal e a inocência perdi, me desliguei da pureza e me liguei ao mundo, soltei as mãos do paraíso e agarrei as sujeiras desta vida banal, passei a ser profana e libertina, meus pés saíram das nuvens do céu e tocaram a falsidade, meu coração se distanciou dos abraços apertados, sinceros e provou do dissabor, fui crescendo e ao mesmo tempo me perdendo, e quanto mais testificava do mundo, mais longe ficava da inocência do paraíso que vivi.
A maldade se instalou no coração, assim como a carne e seus frutos, a insanidade passou a andar comigo junto da ignorância e da paixão, o engano embriagou o meu peito e este cobriu os olhos de mentiras, mas nem tudo estava perdido, pois olha o que aconteceu na minha vida, Deus cruzou os nossos caminhos e eu pude ver o que fui, o que sou e o que serei, foi preciso eu conhecer os dois caminhos para que na minha mocidade pudesse escolher com sensatez entre o bem e o mal, mas antes disso na minha juventude clamei a Deus e a Ele fiz um pedido, pedi para me levar para o céu, voltar ao paraíso, pois queria com Ele morar, passado alguns anos, nos meus vinte e nove a trinta anos, Deus veio até mim, mostrou-me o seu caminho, o seu anjo, seu braço e me revelou toda a verdade, é como se Ele dissesse, a porta do céu está aberta é só você cumprir com o que Eu predestinei. Agora depende de mim realizar a vontade Daquele que me criou e nascer de novo, largar essa casca e seus ramos e me apegar na mão do Senhor, pois só ele pode me levar de novo para o paraíso e voltar a brincar com minha castidade, ligada na perpetuidade de Deus como criança recém nascida ligada no cordão umbilical da mãe.
Por Maria Lúcia