A dança das árvores, o canto dos pássaros, o beijo do céu que toca o solo, a paz perfeita em tempo presente, a calmaria da manhã que gosta de brincar com a loucura das pessoas. Um ciclo sublime, não se quebra, gira e gira, e nunca perde o sentido, a vida é a base dessa roda gigante, o eixo que segura tudo no lugar, sem ela tudo despencaria, o universo seria apenas boas lembranças para recordar. Vemos tão pouco, mas o pouco já é imenso, a beleza da noite, a alegria do dia, a profundeza da alma e a grandeza de toda sabedoria, o que entorpece tudo isso senão o desejo infame do coração? Uma correria que cega as coisas que lhe rodeia, até que tudo um dia caia, despenque como um copo de vidro, e se despedace, até que se encontre aos cacos, buscando a luz da manhã, mas só encontrando seu estado, até que tudo um dia não haja, mas esteja longe de seu poder, e todas aquelas horas intermináveis e famintas não tenham valido para nada, apenas comeu o vazio que lhe apresentara. Mesmo em meio a tudo isso, as árvores continuam em seu ritmo, os pássaros continuam afinados, as marés continuam indo e vindo e o universo continua fluindo, a vida não para, o que para são as pessoas, a vida não morre, o que morre são as almas, pois nem mesmo o pó acaba, apenas se assenta à terra que lhe foi emprestada. Os céus já cansaram de cair, os trovões não chegam aos olhos dos indignos, mas eterno é Eu Sou, e Eu posso Ser se vier a nascer, fazer parte desta grande orquestra, ser maestro que rege a vida, saber a ordem da perfeição e como tudo baila em sincronia. Realmente, os olhos dos Homens são ínfimos, pois estando ao lado da mais formosa ordem, preferem o tom desafinado da vida.
Por Luiza Campos