O universo choveu em minha alma, o firmamento tocou minha tez, escorreu por minhas vestes, eclipsou minha órbita, desviou o que parecia tão certo e expandiu o infinito, fazendo-me ver além de mim, para enxergar com os olhos das estrelas. Sei que primeiro irá assolar, cada canto que os astros tocarem, queimar, derrubar, para depois reconstruir, novas sementes virão a nascer, novas constelações vão se formar, arco-íris selará o fim e o começo, o fim das trevas e o nascer da manhã, para que uma nova história se crie, longe de toda mácula regada. Não é necessário esconder-se da chuva, deixarei que toque em minha pele, caminhe por minhas entranhas, para que depois de sentir toda a força da tempestade possa abraçar a bonança, e abrigar-me nos sentimentos da paz, admirar a volta dos pássaros, que proclamam os cânticos da esperança, pois novamente coloriu a calmaria.
É muito mais do que esperamos, e nada do que imaginamos, trata-se de outro querer, outro plano, outro ser, mas se corrompe o ser humano, por não ver, tenta alcançar o inalcançável, escreve roteiros impensados, busca o desinteresse e se esquece de se importar, por aqui tudo rui, e não por precisar ruir, mas por se autodestruírem, como um vício incontrolável. Vou esperar o firmamento parar de cair, para depois que o passado se findar e a chuva deixar de salgar, banhar-me-ei nas águas doces do rio, e quando mergulhar pela sétima vez, minhas feridas não estarão mais por aqui.
Por Luiza Campos